A importância da Escola Bíblica Dominical na educação
Com o advento da Reforma Religiosa do século XVI, Lutero viu a importância fundamental para o sucesso do Movimento, a educação, desde o nobre ao plebeu, meninos e meninas, bem como o ingresso no serviço militar para a defesa da causa. No seu entendimento o Estado deveria promover a educação do povo, assim, tendo uma base cultural sólida, seriam úteis tanto para as questões sagradas quanto para o cenário capitalista que estava vigente. Dizia ele:
“É realmente um pecado e uma vergonha que tenhamos de ser estimulados e incitados ao dever de educar nossas crianças e de considerar seus interesses mais sublimes, ao passo que a própria natureza dever-nos-ia impelir a isso e o exemplo dos brutos nos fornece variada instrução. Não há animal irracional que não cuide e instrua seu filhote no que este deve saber… Em minha opinião não há nenhuma outra ofensa visível que, aos olhos de Deus, seja um fardo tão pesado para o mundo e mereça castigo tão duro quanto a negligência na educação das crianças” (LUTERO apud MAYER, 1976, p. 250-251).
Com essa mentalidade que vieram para o Brasil segundo Mendonça e Velasques (2002) é que começaram a chegar aqui os protestantes em 1850 os Congregacionais, Presbiterianos, Batistas e os Episcopais.
A Constituição de 1824 garantia a liberdade religiosa no país, facilitando a entrada dos protestantes, já que em 1810 os cultos eram restritos.
É importante salientar que após a abolição da escravatura, o interesse dos governantes em “branquear” o Brasil, estimulou a imigração para a nação promovida pelo estado.
Com a Proclamação da República o governo separa a igreja do Estado para atender a demanda protestante, que outrora tinha o risco de não ter seu casamento reconhecido, ou sua prole não ser considerada legítima, pois o registro era feito na igreja católica.
Ao passar do tempo, os protestantes presbiterianos se estabelecem mais na área rural do país, devido à efervescência do café, assim afastados do setor urbano, realizavam seus cultos nos locais de trabalho, inserindo neles, os trabalhadores não- protestantes, desde modo também aconteceu nas periferias das cidades.
Somente da década de 30 que o protestantismo brasileiro adquiriu características mais urbanas, e as escolas protestantes foram surgindo por meios de missionários norte-americanos, pretendendo difundir a laicidade e cultura protestante. E a primeira escola protestante surge em 1870 de origem presbiteriana, logo depois em 1881 de origem metodista o Colégio Piracicabano.
A Escola Bíblica Dominical-EBD e a Educação
Os missionários usavam a EBD para uma melhor interação com os alunos e os familiares, sendo a primeira EBD fundada em 1855 em Petrópolis pelo casal escocês, missionários Sarah e Robert Kalley. As escolas se reuniam nas igrejas e começaram a transformar em sala de alfabetização mudando o perfil dos frequentadores da igreja, deste modo foram surgindo colégios sem perder a característica da doutrina protestante.
Esse ensino se dividia em dois grupos, para elite brasileira e para as massas. O trabalho desses mestres, não só era de ministrar aulas, mas eram verdadeiros apóstolos, alem da ação social de alfabetização, promulgava a cultura protestante mais capitalista.
O resultado deste trabalho foi reduzir os números de analfabetismo, principalmente nas camadas menos favorecidas da população brasileira.
A leitura bíblica foi um instrumento usado para alfabetização, num país onde a escolaridade era precária, os educadores entendiam que o progresso do Brasil só seria possível através da educação e da cultura protestante em detrimento da católica que enfatizava a pobreza.
A visão educacional protestante visava a individualidade, liberdade em suas responsabilidades e capacidade, esse individualismo foi ensinado por Cristo, a valorização de pessoa por pessoa.
Diante de tais acontecimentos, podemos afirmar que a educação protestante, em muito contribuiu para a sociedade brasileira, com uma pedagogia moderna e inovadora nas escolas aplicaram:
- Primeiros a usar recursos audiovisuais;
- Primeiros a usar educação em sala mistas para ambos os sexos;
- Criação do jardim de infância, os kindergarten;
- Uso do chamado método indutivo, o estudo em silêncio;
- Experiências em laboratórios;
- Nova forma de disciplina;
- A escola como ambiente alegre e cooperativo;
- A prática organizada de esporte;
- Preocupação da preparação para a vida, para isso, cursos profissionalizantes;
- Atividades extraclasse;
- Preocupação de aplicação imediata do ensino ou conhecimento;
- Nova forma de avaliação e outros (SCHULZ, 2002, p. 51).
Autor: Flávio Vaz da Costa
Pós-Graduado em História do Brasil – Professor do Estado de Minas Gerais
REFERÊNCIAS:
MENDONÇA, Antônio Gouvêa, VELASQUES, Prócoro Filho. Introdução ao protestantismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 2002
MATOS, Alderi Souza. Breve história do protestantismo no Brasil. Disponível em:
<http://www.mackenzie.br/6994.html>. Acesso em: 15 maio 2015